1

O Eu que nem sei que Sou

Sou e não sei. Algo que tento desvendar e medir. Nunca sei. Penso que sou e não sou. Mudo e recrio. Sempre assim. Pinto-me e me ponho em moldura, mas que racha e desponta imperfeições. Sou o nada? Sou o tudo? Sou eu. Sou o que? Sou isto e aquilo. Sou o mundo e suas maravilhas, sou o Homem e suas malícias. Sou isso e nada mais. Sou o que eu nem sei que sou, mas sou.

Leia mais
2

Minha ferida

Afogo-me em teu corpo, distorço suas verdades. Como um câncer, corroo-lhe a vida, uma infecção que lhe apodecre a carne. Enlouqueço-o e o deixo mutilar-se, meu veneno que se espalha. Sou o cárcere de sua alma. A morte que te chama, a vida que o abandona. O choro que bradas, o riso que o mata. Sou sua artéria que se desprende, o sangue que não estanca e que jorra, penetrando diretamente em minha veia, que o pulsa descompassado.

Leia mais
3

Inevitável

Morremos a cada segundo, nos perdemos constantemente pela estrada por onde passamos; ficamos nos olhos de quem nos vê, nas palavras que pronunciamos ou que dissemos e espairamos; nas pegadas que deixamos neste solo instável no qual pisamos, no suspiro que deixamos escapar por estes ventos que o sopram; nos sentimentos que proferimos e que se espalham; na comida que deixamos de comer, na bebiba que esquecemos de beber; definhamos em cada entrega. É invevitável, caminhamos sem cessar para a morte, que, ao contrário da vida, não nos limita, mas eterniza.

Leia mais
4

Ouça

Ouça. Este som que de mim parte é apenas o silêncio do meu coração. Este cheiro que em meu corpo se agarra não passa deste imaculado desejo profano que te chama no cair da noite e no vazio de minha alma. Venha... Beba-me em delírio. Arrasta-me para seus braços, entregue-me seu corpo, toma-me em repleto prazer; faça-me de gozo, dê-me suas asas e seu amor.

Leia mais
5

Eu? O amor que me entorpece

† Eu? A lágrima que nunca secou. A ferida que não cicatrizou. O mar que um dia evaporou. O sorriso, que por detrás de uma máscara, esperou. Esperou e nunca brotou. Sou a espada que em teu peito cravou. O sangue que por teu corpo passou. A vida jamais vivida. A morte que virou vida. Sou a cova que jamais será preenchida. Sou o defunto que não tem descanso. O choro do seu pranto. A palavra que te sufoca. Sou o que nunca fui. Fui o que jamais serei. Eu. O silêncio que te acusa. †

Leia mais

Quanto ao... Amor!

sexta-feira, 17 de junho de 2011| 2

Quanto ao céu, distante
Quanto às mãos, geladas
Estas desentranhadas
Os olhos, cegos
E embaçados
Quanto às marcas, passadas
Em meu peito a saudade
Sinto, devaneio desalmado
Quebraste o enlace
Meu coração desamado

*

Calei aos teus olhos encarar
O conhecer desconheci
Não
(Mudei) nas palavras entregar




Brenda Marques

Hei, está pronto?

quinta-feira, 17 de março de 2011| 7


Titubeantes seus passos se arrastam
Fincando-se em solo e a pernoitar
Esperando que a voz lhe permita caminhar
Enquanto sussurras preces feitas que em parede lisa se chocam
E ao chão vão despencar


Amarrados por correntes aos calcanhares corroer
Conduzidos prontamente por deslizantes pistas disformes
Para encontrar suas respostas é preciso morrer


Já vais?
Por onde estás?
Preencheis as mãos vazias
Adornais suas fantasias


Hei Senhor, por onde andas?
Hei Senhor, você está pronto?
Hei! Jogo-lhe estes prantos e Você se esgueira
"Fode...
Você senta e rola"


Srtª Bêêh

Sepultura

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011| 4


*Um pouco mais junto ao meu peito
Mais e mais para meus braços que o envolvem...
Capturando-o entre carícias vou mastigando-o
Digerindo-o em sussurros que o excitam
Corroendo-o em mil beijos ácidos
Sepultando-o entre cruzes e sarcasmo*



Srtª Bêêh
sábado, 15 de janeiro de 2011| 14


Aleatoriamente, retiro os punhais que sob céus enevoados cravaram-me,
desnudando feridas dispersas por sorrisos que transbordaram.
Para você, em cinza, oferto-me.
Desbotada pelo Sol inexistente que o negro das nuvens apagou.
Distraidamente repousando sobre penas que me anestesiaram a torturosa dor da realidade.
Chorando palavras que me jorravam sem pudor.
Besta moldada em formosura,
banhada com chuvas tardias.
Doce ternura que se alonga, olhar fumego que lampeja
Busca-me em desmedido anseio,
bradas suas palavras de motejo,
engula-me nesta profana brincadeira,
drena-me o sangue sem medo.
Beba-me nesta nossa mútua sedução,
deixe-me ser o vinho de sua embriaguez.
Sem demoras.
Degustai-nos minha transparente nudez.


Srtª Bêêh

Anjo que me mata

| 4


Sedutoramente, atraia-me para seus braços
Sorrateiramente arrasta-me para o negro de sua alma
Faça-me de teus lanches preferidos
Coma-me lascivamente entre os becos onde se esconde
Goze-me tuas malícias
Esconda-me em tuas asas
Beije-me em molhadas carícias
Mate-me numa emboscada


Srtª Bêêh