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O Eu que nem sei que Sou

Sou e não sei. Algo que tento desvendar e medir. Nunca sei. Penso que sou e não sou. Mudo e recrio. Sempre assim. Pinto-me e me ponho em moldura, mas que racha e desponta imperfeições. Sou o nada? Sou o tudo? Sou eu. Sou o que? Sou isto e aquilo. Sou o mundo e suas maravilhas, sou o Homem e suas malícias. Sou isso e nada mais. Sou o que eu nem sei que sou, mas sou.

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2

Minha ferida

Afogo-me em teu corpo, distorço suas verdades. Como um câncer, corroo-lhe a vida, uma infecção que lhe apodecre a carne. Enlouqueço-o e o deixo mutilar-se, meu veneno que se espalha. Sou o cárcere de sua alma. A morte que te chama, a vida que o abandona. O choro que bradas, o riso que o mata. Sou sua artéria que se desprende, o sangue que não estanca e que jorra, penetrando diretamente em minha veia, que o pulsa descompassado.

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Inevitável

Morremos a cada segundo, nos perdemos constantemente pela estrada por onde passamos; ficamos nos olhos de quem nos vê, nas palavras que pronunciamos ou que dissemos e espairamos; nas pegadas que deixamos neste solo instável no qual pisamos, no suspiro que deixamos escapar por estes ventos que o sopram; nos sentimentos que proferimos e que se espalham; na comida que deixamos de comer, na bebiba que esquecemos de beber; definhamos em cada entrega. É invevitável, caminhamos sem cessar para a morte, que, ao contrário da vida, não nos limita, mas eterniza.

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4

Ouça

Ouça. Este som que de mim parte é apenas o silêncio do meu coração. Este cheiro que em meu corpo se agarra não passa deste imaculado desejo profano que te chama no cair da noite e no vazio de minha alma. Venha... Beba-me em delírio. Arrasta-me para seus braços, entregue-me seu corpo, toma-me em repleto prazer; faça-me de gozo, dê-me suas asas e seu amor.

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5

Eu? O amor que me entorpece

† Eu? A lágrima que nunca secou. A ferida que não cicatrizou. O mar que um dia evaporou. O sorriso, que por detrás de uma máscara, esperou. Esperou e nunca brotou. Sou a espada que em teu peito cravou. O sangue que por teu corpo passou. A vida jamais vivida. A morte que virou vida. Sou a cova que jamais será preenchida. Sou o defunto que não tem descanso. O choro do seu pranto. A palavra que te sufoca. Sou o que nunca fui. Fui o que jamais serei. Eu. O silêncio que te acusa. †

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O eu que nem eu sei que sou

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010|


Carrego comigo fragmentos daqueles que por mim passaram, palavras que li e ouvi, suspiros de gente que nem conheci e respirei. Sou feita dos tantos cacos que se partiram de outras vidraças, dos pensamentos que alguém proferiu um dia e já nem os tem mais, dos olhares que se depositaram nos meus e me ficaram grifados, no arrastar dos passos que me cruzam pela estrada, das chuvas que me caem e me molham, impregnando-me com partes do céu que devoro, suas noites que absorvo, suas cores que me pintam.
Mudo conforme o dia vira noite e a vida vira morte. Sou e não sou, algo que nem eu sei, mas que tento descobrir e ser, no entanto logo vejo: não sou e nem serei.
Absorvo, sugo tudo de tudo, sou o nada e sou o tudo, sou o pacote vazio que se preenche, sou a morte do crepúsculo e o sol que desponta. Sou e não sou, vivo e morro em contradição. Sou incógnita, sou o desfoco que me habita; mudo e mudo, não há o que me regrida.
Há tantas pessoas... Tantas pelas quais passei e me entreguei, seja por uma palavra ou um olhar, tão pouco, mas que me levou e me arrancou. Pessoas que se foram e que ficaram, as quais me terão e eu as terei. Elas me carregam consigo eu as prendo comigo. E assim caminho para a morte.


Srtª Bêêh

15 comentários:

Aleska Lemos disse... 25 de dezembro de 2010 às 15:29

Oi beeh, vou te adicionar aqui beijos!

ailton martins disse... 30 de dezembro de 2010 às 03:11

Impressionado com teu talento e sensibilidade. Mais um lindo txt! Tchau!

gabyshiffer disse... 6 de janeiro de 2011 às 08:47

impressionante o texto...
você escreve muito bem
:)
Vim conhecer o seu blog e adorei
já estou te seguindo...

“Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e,
o mais importante...
Acreditar em você de novo” (Drummond)

Feliz 2011 pra vc...
Bj♥s na Alma!

Marinha disse... 12 de janeiro de 2011 às 07:06

Confesso que não esperava um texto tão cheio de talento. Parabéns!
Passo a seguir o blog com convicção.
Bjo e paz.

Anônimo disse... 14 de janeiro de 2011 às 21:04

Adorei sua empreitada direta ao seu próprio eu, que maravilha heim garota, com o perdão do termo. Parabéns. Fantástico.
Grande abraço.
BELcrei

estou enviando esse texto para...

http://linkandovoce.blogspot.com/

que automaticamente também irá para meus seguidores no twitter, amigos do orkut, facebook myspace, digg, etc.

AC disse... 15 de janeiro de 2011 às 13:30

A odisseia da vida temperada com aparentes tons escuros. Na verdade, levantando-se o véu, muita vida fervilha nestas palavras...

Beijo :)

andrebdois disse... 17 de janeiro de 2011 às 07:12

Imaginaa, eu que agradeço :D
agradeço tbm por seus belissimos postss... continue sempre mandando, please.
abraçãoo e ótimo ano

silvioafonso disse... 11 de fevereiro de 2011 às 05:46

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Eu não estou nem aí se tu sabes
ou não sabes quem és, pois o mais
importante é que eu estarei contigo
aqui ou em qualquer lugar onde
estiveres, seja em que BLOG for.

silvioafonso



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TODO MUNDO PROCURA AQUI disse... 21 de fevereiro de 2011 às 22:13

O sonho de um mortal, tem as vezes uma chance sem ao menos ser realizado, mas quando o artista vive pelo coração aquilo que é importante, ele acaba atraindo para perto todas a vias, que serão de grande valor para conclusão de seu sonho.

TODO MUNDO PROCURA AQUI disse... 5 de março de 2011 às 08:42

As vezes podemos até nos perder, por tantos caminhos, e sentimentos que vamos sendo participantes, mas enquanto tiver chama dentro de nosso coração tudo sempre vai ter uma direção e se cremos tudo sempre vai atingir um lugar dentro do projeto de nossos sonhos... só temos que ter calma e ver o bom de Deus em tudo.

Marlon disse... 20 de março de 2011 às 04:59

"Somos tudo aquilo que pensamos no decorrer de todos os nossos dias"

soylauraO disse... 22 de maio de 2011 às 19:44

"Llevo piezas de los que pasaron por mí..."somos todo y nada, al mismo tiempo, en el mismo envase.
http://enfugayremolino.blogspot.com/
Acompañaré como Nº 55

Anônimo disse... 10 de julho de 2011 às 06:02

Este link foi enviado ao:

http://mamutelinks.blogspot.com/

Conheça um agregador+indexador que manda muitas visitas por dia para suas postagens.

Abraço.

Moonlight disse... 12 de janeiro de 2012 às 02:16

Sabes linda menina,

O que eu digo é que este texto diz tudo e nada.
A realidade é mesmo essa caminhamos lentemente para a morte.
" A vida é senão apenas umas férias da morte..."
Sabes que eu gosto de te lêr:)

Bjonho cheio de luar

biel disse... 19 de abril de 2012 às 06:59

o texto me fez repensar minha vida toda fingi que tinha amigos fingi que não me importava com ninguém mas a realidade e que me importava todas as pessoas que amei perdi na realidade a vida é o mesmo que nada

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